Para que possamos iniciar nossa viagem pelo mundo da gastronomia, é preciso conhecer um pouco do passado para compreender o nosso presente. É através das culturas e costumes que entendemos a identidade de um povo.

Eu não pretendo aqui dar aulas de história com datas precisas ou nomes históricos. O meu olhar na história, é de uma cozinheira muito apaixonada por hábitos, ingredientes, utensílios que fazem parte de culturas milenares e da evolução da humanidade, e como muitos deles estão presentes até hoje.

Desde os primórdios da humanidade a globalização sempre existiu, ingredientes e culturas sempre viajaram a pé, a cavalo, em naus, navios, aviões, etc. A gastronomia estuda não somente a necessidade básica de sobrevivência, mas também a arte de beber e cozinhar através dos tempos. É cozinhando que nos diferenciamos de outros animais. Todo desenvolvimento da humanidade está diretamente relacionado com a alimentação.

“O ato de alimentar-se proporciona um prazer peculiar à espécie humana. Pressupõe cuidados com o preparo de refeições, com a arrumação do local onde será servido e com o numero e tipo de convivas. Em suma, e hoje isso é uma verdade universalmente admitida, a alimentação diz muito sobre a educação, a civilidade e a cultura das pessoas” (Ariovaldo Franco).

Nossos ancestrais andavam em grupo, caçando e coletando alimentos, o homem pré- histórico pouco se diferenciava dos animais, quanto à alimentação, a sobrevivência dependia exclusivamente do que eles podiam encontrar na natureza como: frutas silvestres, raízes, sementes, caça e pesca e quase tudo era consumido cru.

Eram nômades e tinham que andar longas distâncias à procura de alimentos para a sua sobrevivência. Antes mesmo da descoberta do fogo, vestígios na África mostram cozimento em águas termais e gêiseres. Com a descoberta do fogo, o homem pré- histórico percebeu que assando as carnes e peixes, cozinhando as raízes, o alimento ficava mais saboroso, mais fácil de comer e não estragava tão facilmente. Com isso, o fogo contribuiu, para a evolução da anatomia humana, já que mandíbulas e dentes não precisavam mastigar alimentos tão duros e então houve menor desenvolvimento da musculatura facial,  aumento da cavidade craniana e do cérebro decorrente da mastigação.

O fogo contribuiu para novos costumes, a criação de ferramentas e utensílios de barro. O homem então, pode fixar-se a terra, e nesse momento começou o desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

O alimento então mudou de elemento básico de sobrevivência para fonte de prazer, o alimento caçado era compartilhado, para que não se perdesse, e então deu-se o inicio  do desenvolvimento das linguagens para a comunicação, já que nossos ancestrais  viviam em grupos cada vez maiores – e assim nasciam os primeiros vilarejos.

Ainda na Pré-história o homem começou a desenvolver as bebidas fermentadas e até hoje, nas mais rudimentares tribos ao redor do mundo, a comida e as bebidas fermentadas estão presentes e fazem parte de rituais familiares e religiosos. E ao final da pré historia, na idade dos metais, com um maior controle sobre a natureza e com a criação de mais utensílios, ferramentas e técnicas de agricultura em desenvolvimento, o homem pode viver em grupos cada vez maiores .

É nesse cenário que se inicia  a base da alimentação tradicional do planeta e até nos dias de hoje , composta de grãos: Trigo, centeio, milho, cevada  e arroz, entre outros menos conhecidos, para a confecção de pães, mingaus , bebidas fermentadas etc…

Espero que tenham gostado.

Até o próximo!