Antes de criar o Cook Mood, a empreendedora Patricia Abbondanza já acumulava no currículo anos de experiência na culinária e no site Dedo de Moça, criado em 2008. Por meio dele, a chef colocava dicas, prestava consultorias empresariais e agendava aulas particulares perto de onde mora, em São Paulo.

“Com o tempo, percebi que havia uma demanda por parte de pessoas de fora da cidade que eu não tinha como atender. Nossa equipe começou a pensar em como escalar o negócio – ou seja, como torná-lo mais acessível, democrático e moderno”, explica Patricia.

Essa proposta virou um negócio diferente, parceiro do Dedo de Moça: o Cook Mood. A ideia foi definida em maio do ano passado e, após a escolha dos sócios, em junho do mesmo ano o projeto saiu do papel. O investimento inicial para desenvolver o negócio foi de 200 mil reais, vindo de capital próprio.

Como funciona?

O carro-chefe do Cook Mood são as aulas ao vivo, por “livestreaming” – algo parecido com um Hangout ou com uma conferência pelo Skype. É possível participar de duas formas: ou com a câmera ligada ou apenas pelo chat, no qual o cozinheiro responde dúvidas.

O benefício da primeira opção é, claro, um maior contato entre cozinheiro e usuário. “Por exemplo, fiz uma aula sobre como fazer rabanada e vi que uma das alunas com câmera ligada queimou a rabanada. Na hora, eu expliquei qual deve ser a temperatura certa do óleo”, diz Patricia. “Eu sentia muita falta, em todos os conteúdos que fazia online, desse feedback instantâneo. Sem falar que dá uma sensação maior de segurança para o usuário sobre o que ele está fazendo.”

Quem define o preço de cada aula é o próprio professor – ele fica com 80% do valor, enquanto o Cook Mood fica com 20%. O valor mínimo da aula é de cinco dólares por pessoa (seja por vídeo ou só por chat), para cobrir os custos de operação da plataforma. Não há limite máximo de preço.

Seleção de cozinheiros

Há dois modelos de cozinheiro dentro da plataforma: o “homecook”, que seria o cozinheiro amador, e o “chef”.

Em todos os casos, são pedidas fotos da cozinha e da receita, além de um mínimo de conexão à internet, depois, os profissionais respondem um questionário final. Se ele for um cozinheiro profissional, ele também precisa mandar seu diploma ou uma justificativa de sua experiência na área.

Apesar das várias etapas do processo de seleção, a ideia é que a plataforma fique cada vez mais aberta a novos cozinheiros, diz Patricia. “O Cook Mood é para qualquer um, e não apenas chefs. É para, por exemplo, aquela mãe ou tia que faz uma torta de frango incrível e quer mostrar a receita, ganhando dinheiro com isso. É empoderar essas pessoas.”

A empreendedora afirma que, para isso, o negócio investe em dicas para ensinar os professores a usar os recursos tecnológicos de forma mais eficiente. “Nosso papel não é só intermediar, ser um ‘marketplace’. Investimos no relacionamento com os professores para que eles produzam o melhor conteúdo possível”. Com o tempo, isso será avaliado pelos próprios alunos, que atribuirão notas aos cozinheiros e suas aulas.

cozinha. Do outro lado, o professor tem a chance de monetizar seu conhecimento e divulgar seu trabalho”, resume Patricia.

Retorno financeiro

Hoje, o negócio está em fase de captação de investimentos e conversa com investidores americanos e brasileiros. O objetivo do aporte é evoluir a tecnologia da startup – o que inclui um aplicativo para Android – e trabalhar mais com marketing e divulgação da ideia.

Com o tempo, o Cook Mood pretende se tornar uma espécie de “Netflix da cozinha”: um grande acervo digital de aulas gastronômicas. As aulas que já foram transmitidas poderão ser acessadas, por meio de uma assinatura mensal. O valor definido é de 9,90 dólares por mês, mas pode mudar dependendo da resposta do mercado.

Quem pagar a mensalidade terá benefícios e ofertas especiais na hora de acessar as aulas ao vivo. Assim como nas aulas ao vivo, o cozinheiro também receberá uma porcentagem sobre as aulas antigas dele que forem visualizadas – porém, numa proporção mais equilibrada do que o acordo 80%/20% do primeiro tipo de serviço. A ideia é que ele continue recebendo dinheiro pelo conteúdo que já produzido.

“A gente acredita que terá o maior acervo de aulas de culinária do mundo. Isso porque a ferramenta é democrática: qualquer pessoa pode filmar sua cozinha do seu próprio celular, tablete ou laptop. A abrangência de conteúdo também e muito grande, já que não há fronteiras por idioma ou por região. Rompemos barreiras desse tipo, por um custo mais barato do que uma aula presencial, e com o conforto de estar na própria cozinha. Do outro lado, o professor tem a chance de monetizar seu conhecimento e divulgar seu trabalho”, resume Patricia.

 

Fonte: Exame/Foodjobs