O Brasil já conta com 14.449 unidades de produção orgânica, que se distribuem por 22,5% dos municípios brasileiros. Esses números são um indicativo de que a distância entre a produção agroecológica no campo e as gôndolas do supermercado estão diminuindo.

“Mesmo quem não está no campo, consegue ver que a transformação está ocorrendo no mercado, com um crescimento sustentável, resultado de uma política robusta de oferta de orgânico”, diz  Rogério Dias,  coordenador de agroecologia do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O especialista participou hoje (8) de painel do Fórum Internacional de Agricultura Orgânica e Sustentável, realizado durante a Bio Brazil Fair, que vai até sábado (11), na Bienal do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Segundo o representante do MAPA, o reconhecimento da sociedade é essencial para alavancar o setor.

“Orgânicos são comumente associados a preços elevados. Mas precisamos discutir os valores sociais e ambientais que estão em jogo nesse tipo de produção”, afirmou Dias, ressaltando que a valorização dos orgânicos pelos consumidores pode tornar os preços mais atrativos.

No final de maio, o MAPA lançou uma campanha de promoção em 25 estados com o tema ligado a educação. “Consumo de orgânico não pode ser modismo, para ter sustentabilidade precisamos falar em consciência, exige reflexão”.

Gargalos

O representante do MAPA apontou alguns gargalos para a expansão do mercado de orgânicos, como a falta de pessoal capacitado e burocracias para registro de insumos específicos.

Segundo ele, faltam técnicos capacitados para atender a demanda crescente de agricultores que querem fazer a transição da produção convencional para orgânica. A saída para esse “gap”, de acordo com Dias, é investir em educação em escolas técnicas e universidades. “Nosso sonho é que todo centro de educação que com cursos de ciências agrárias tenha matéria sobre agroecologia”, diz.

Para apoiar e estimular esse processo, o departamento criou um grupo de estudos em agroecologia, que já conta com 138 núcleos de suporte e mais de 1700 trabalhos técnicos gerados.

Outro gargalo é o de insumos. Dias destaca que a “nossa lógica de agricultura é de agrotóxicos” e que foi preciso mudar a legislação para criar um registro fitossanitário específico para insumos orgânicos, que dispensam uma série de testes aplicáveis aos defensivos convencionais e ajudam a cortar custos.

A mudança de lei entrou em vigor há cinco anos e já surtiu efeito. “O primeiro produto biológico registrado no Brasil é de 1984 e até 2010 tínhamos apenas 41 insumos biológicos registrados, isso ao longo de quase 30 anos. De 2011 para cá, porém, já registramos 49 produtos. Isso mostra que podemos alterar muito a realidade se tivermos boas políticas públicas”, diz Dias.

Um exemplo de uso potencial de controle biológico na produção orgânica vem da cana-de-açúcar. Segundos dados do MAPA, 2 milhões de hectares já usam insumos orgânicos, de um total potencial de 12 milhões de hectares.

Fonte: Exame.com