Quem está na prisão tem mais disponibilidade de tempo que a maioria de nós. Mas isso não quer dizer que os presos queiram passar horas preparando alimentos, já que uma refeição rápida pode ser igualmente deliciosa.

Um novo livro publicado hoje contém dezenas de receitas simples elaboradas por Albert Roux e outros chefs para arrecadar dinheiro para The Clink, uma instituição de caridade que ajuda a reabilitar presos capacitando-os para cozinhar e atender aos clientes em restaurantes dentro de prisões do Reino Unido.

O livro “The Clink Quick & Easy Cookbook” custa 14,99 libras (R$ 58,49, em valores convertidos em 13/10/2016) e foi lançado em The Clink Brixton, onde presos serviram para o almoço beterrabas assadas com molho de laranja; sopa de peixe simples; coq à la bière — cortado à mesa com uma faca grande; e torta tripla de avelã e chocolate. Para beber, água. Nada de bebidas alcoólicas na cadeia.

O restaurante é agradável, com piso de cerâmica, paredes de ardósia e lustres coloridos. Os garçons, trajando um uniforme xadrez, são atenciosos. Era de esperar: o ex-maître Silvano Giraldin, que comandou o restaurante Le Gavroche com mão de ferro durante décadas, ajudou a treiná-los.

Além da ausência de vinhos, duas outras diferenças são importantes neste restaurante. Primeiro, você precisa entregar seu telefone celular na porta (esta regra deveria ser aplicada em mais lugares). Segundo, os talheres são de plástico. Ah, e não é permitido deixar gorjeta — outra vantagem.

A sala de jantar fica na antiga casa do administrador, dentro dos muros da prisão.

O novo livro inclui uma receita de berinjela à parmegiana do prefeito de Londres, Sadiq Khan, e um tentador ovo escaldado em vinho tinto de Roux (que não pode ser preparado na prisão).

Os lucros do livro vão para a instituição The Clink, que ajudou 188 presos no ano passado através de diversos projetos: quatro restaurantes em prisões; uma horta para abastecer os restaurantes; e um serviço de catering no lado de fora. Sério mesmo, no lado de fora.

Em 12 meses, The Clink serviu refeições para 70.000 clientes e encontrou emprego para 61 pessoas que foram capacitadas. Cada preso trabalha e treina 40 horas por semana.

“Eles estão realizando um trabalho muito importante e fico feliz em fazer o que posso para ajudá-los”, disse Roux, chef e embaixador da instituição de caridade, que também conta com o apoio de outros chefs, como Giorgio Locatelli, do Locanda Locatelli, e Thomasina Miers, do Wahaca.

Fonte: Comidas e Bebidas Uol