Acabar com o preconceito contra a comida vegana é a missão do publicitário Celso Fortes, 45 anos, e da chef Michelle Rodrigues, 32 anos. Os dois são os fundadores do Açougue Vegano, loja de alimentos sem carne ou derivados de animais aberta no mês de janeiro no Rio de Janeiro. “Muita gente ainda acredita que comida vegana não tem gosto de nada. Eu mesmo achava isso, até experimentar as receitas maravilhosas preparadas pela Michelle”, diz Fortes. “Fui fisgado pelo paladar.”

Os dois sócios se conheceram quando cursavam juntos o curso de Gastronomia da universidade Estácio, no Rio de Janeiro. Ela era vegetariana havia 15 anos, e vegana há cinco. “Eu fui criado por uma tia vegetariana, então sempre consumi pouca carne”, diz Fortes. Nas aulas práticas, eles começaram a cozinhar juntos. Logo estavam trocando receitas e dicas de preparo. “Vi que era possível elaborar pratos veganos deliciosos usando os ingredientes certos, variando o tempero e usando os processos certos”, diz. Foi nas aulas que surgiu a ideia de abrir uma loja vegana. Para medir a viabilidade do empreendimento, passaram a testar os pratos com os colegas de curso, muitos deles chefs profissionais. “Eles adoravam as receitas, mesmo sem ser veganos. Decidimos ir em frente.”

Ao criar o Açougue Vegano, em 2016, a proposta era vender todos os produtos em uma loja online. Para marcar o lançamento, agendaram uma festa em um restaurante carioca e colocaram o convite no Facebook. “Em pouco tempo, já havia 3 mil pessoas confirmadas para o evento. Só que o restaurante só comportava 300”, diz Fortes. A festa foi transferida para o Mercado dos Produtores, no shopping UpTown, na Barra da Tijuca.

No dia marcado, mais de duas mil pessoas compareceram. “Em um dia, vendemos o estoque que havíamos preparado para um mês. Só de coxinhas de jaca, foram 1.100”, diz o empreendedor. A pergunta que os sócios mais ouviram naquele dia foi: “Vocês vão estar aqui na semana que vem?”. O sucesso fez com que repensassem a estratégia e decidissem abrir uma loja física, no mesmo local. Para atender a demanda, triplicaram a equipe: hoje, contam com 9 funcionários, ajudando a produzir iguarias como a coxinha de jaca – premiada como a melhor cozinha de 2016 pela Sociedade Vegetariana Brasileira -, o espetinho de soja, o hambúrguer de shitake e shimeji e o bacon de coco.

Segundo Celso Fortes, cerca de metade das pessoas que compareceram à abertura da loja não eram veganas, nem vegetarianas – vieram trazidas por amigos e familiares. “Nós resolvemos o problema dos veganos, que encontram poucas opções para comprar alimentos, mas também de pessoas que convivem com eles e não encontram alternativas que possam apreciar”, diz Fortes. “Um dia, na loja, uma mãe de uma garota vegana veio me agradecer. Ela me disse que fazia quatro anos que não comia um cachorro-quente. Mas, com os nossos produtos, ia poder servir o sanduíche em casa de novo.”

No site da Açougue Vegano, o público já pode fazer suas encomendas – mas as entregas só vão começar no dia 15 de fevereiro. A empresa adotou um sistema de delivery diferente. “Vamos entregar das 19h às 23h, que é quando o nosso público está em casa. Dessa maneira, pretendemos melhorar a qualidade do atendimento.” No primeiro momento, vão entregar apenas no Rio. Para maio, está prevista a abertura de uma loja em um shopping de São Paulo. Antes disso, em abril, os paulistanos já poderão fazer seus pedidos no site.

Para abrir a loja carioca, os sócios investiram R$ 35 mil. “Recuperamos no primeiro fim de semana.” A previsão de faturamento para 2017 é de R$ 500 mil. “Mas pode ser mais, dependendo do retorno em São Paulo”, diz Fortes. Ele acredita que ainda há muito espaço no mercado para quem quiser investir em alimentação saudável. “Mas o público é muito exigente, então é preciso zelar pela qualidade dos produtos.”

Fonte: PEGN