Já imaginou comer linguiça, hambúrguer e até costela que não sejam de origem animal? Para os defensores do estilo de vida vegano é comum reinventar receitas tradicionais substituindo o carne por ingredientes vegetais. Mas é preciso prática para manter o sabor e o apelo visual na hora de inovar essas receitas

Pensando nisso, dois empreendedores investiram no nicho e abriram o segundo açougue vegano da América Latina, o No Bones, em São Paulo (SP). A arquiteta Marcella Fernandes Izzo, 26 anos, e o publicitário Brunno Barbosa, 28 anos, tinham o objetivo de mostrar que é possível comer todo tipo de prato, sem envolver animais na história.

A ideia do negócio surgiu depois que Marcella conquistou amigos com os pratos veganos que fazia em casa. “Há um ano e meio, eu me tornei vegetariana e, depois, vegana. No início da minha transição, eu senti a necessidade de substituir a carne por alimentos que fossem parecidos visualmente. Como sempre gostei de cozinhar, eu pegava algumas receitas na internet e adaptava com o que eu tinha na despensa, como hambúrguer de feijão.”

Marcella sentiu que seus pratos tinham potencial para virar um negócio quando amigos começaram a fazer pedidos sob encomenda. “Eu percebia que as receitas estavam ficando muito boas quando meus amigos começaram a encomendar; tanto aqueles que eram veganos quanto os que ainda comiam carne. Quando eu soube que já havia um açougue vegano em Curitiba, eu percebi que também havia demanda em São Paulo”, diz.

Depois de quatro meses de planejamento, a empreendedora convidou o namorado e, juntos, investiram R$80 mil para reformar um imóvel comercial na parte de baixo do apartamento em que vivem na Zona Oeste da capital paulista. O açougue teve sucesso de vendas no dia da inauguração. Todos os produtos se esgotaram em poucas horas. “Logo no primeiro dia eu percebi a alta demanda do público por alimentos veganos, mas de qualidade e de produção artesanal. Além disso, é interessante notar que muitas pessoas que comem carne visitam o local para matar a curiosidade e também para experimentar novos sabores”, diz Marcella.

O hambúrguer do No Bones pode ser de feijão, grão de bico, quinoa, ervilha ou lentilha (Foto: Divulgação)
No local, apenas salgados, como coxinha, são servidos para o consumo na hora. Os demais produtos são vendidos congelados. “Nós terceirizamos os salgados, como a coxinha de jaca e os ‘nuggets’ de milho. Já os hambúrgueres de feijão e de grão de bico, por exemplo, e a costela de cogumelos, são vendidos para levar pra casa”, afirma a empreendedora.

A ideia da dupla é começar uma franquia futuramente e aumentar o espaço para servir outros pratos no local. “Por enquanto, nosso imóvel é bem pequeno, nós nem produzimos as comidas lá. Utilizamos uma cozinha industrial com cinco funcionários no Brooklin e todos os dias pela manhã levamos os produtos para a loja”, diz Marcella.

Os salgados custam, em média, R$ 5,90, os hambúrgueres R$ 6,90 a linguiça vegana, R$ 30 e a costela de cogumelos R$ 40. A ideia do casal também foi deixar os preços um pouco abaixo do padrão para produtos veganos. “Sabemos como um alimento saudável e de produção artesanal pode custar caro, então quisemos mudar isso e deixar nossos pratos mais acessíveis para as pessoas. Além disso, queremos que o No Bones seja um espaço para as pessoas compartilharem suas experiências, entre quem está na fase de transição de alimentação e aquelas que comem carne, mas querem diminuir o hábito, sem tirar o prazer de comer e o sabor dos alimentos”, diz a empreendedora.

Fonte: PEGN