Como está seu processo de Recolocação Profissional?

Tem sido pouco chamado para entrevistas? E quando participa de processos seletivos acaba não sendo o candidato escolhido? Já fez uma análise sobre por que isso pode estar acontecendo?

Sem dúvida, isso pode ser fruto de vários fatores, e não vamos analisá-los todos aqui neste momento. Mas vamos abordar um deles: pretensão salarial.

Talvez esteja querendo manter o mesmo salário do seu último emprego ou salário similar. No entanto, é importante levar em consideração vários fatores ao desejar um salário específico.

Por exemplo:

  • Quanto o mercado vem pagando para profissionais que ocupam esta posição?
  • Como está a relação entre oferta de mão de obra versus vagas disponíveis?
  • Quais são os seus diferenciais competitivos frente aos outros candidatos que concorrem com você para a mesma posição?
  • Será que a concorrência não está “se vendendo” por salários menores?

Tudo isso influencia na construção de um salário. Como saber então qual o melhor salário que você poderá conquistar? A resposta não é simples e você mesmo é a melhor pessoa para encontrá-la. Mas podemos tentar ajudar você a pensar melhor a respeito.

Para saber melhor quanto o mercado está pagando para profissionais do seu cargo ou similar, você poderá acessar o Guia Brasileiro de Cargos e Salários da Curriculum. Lá você terá um retrato fiel, pois este Guia é feito a partir de dados informados pelos próprios candidatos. Se você achar que o valor está um pouco diferente do que você esperaria, saiba que ali estão relacionados cargos de profissionais de diferentes tamanhos de empresas e, por isso, há variações. Mas ali você já começará a ter noções e parâmetros sobre números.

Depois, analise se há algum grau de escassez de profissionais em sua área. Essa escassez faz de um profissional alguém mais difícil de se encontrar, mais raro. Sem dúvida, a raridade é determinante para se atribuir valor a algo. Só há um quadro verdadeiro da Mona Lisa no mundo, e isso o torna muito valioso, ao passo que há vários outros quadros exatamente iguais, mas que não são verdadeiros. Percebe o poder da raridade? Com isso em mente, pense quantos profissionais iguais a você existem e estão disponíveis no mercado. Se compreender que são poucos, sinta-se mais seguro quanto ao seu salário. Se compreender que são muitos, então é bom rever seus valores.

Agora vamos analisar seus diferenciais competitivos, frente a outros candidatos.

Sua atual situação: se você está atualmente empregado, a formulação da pretensão salarial é mais simples. Considere seu grau de satisfação no trabalho atual e o custo pessoal de uma mudança de emprego. Você poderá pedir o mesmo valor que recebe na empresa atual ou mais. Se for para um mesmo cargo, um padrão de mercado é a nova empresa aceitar pagar 20% a mais. Mas isso não é uma regra fixa: depende de quanto você ganha na atual empresa, e se este valor está acima ou abaixo do que é praticado no mercado. E não esqueça de avaliar não somente salário, mas benefícios e condições/exigências de trabalho futuras.

Se você está sem emprego no momento, pode ter o salário anterior como referência, mas talvez precise avaliar mais fatores para formular sua pretensão de maneira competitiva.

Idade: qual a sua idade? Infelizmente a idade é sempre levada em consideração. Muitas empresas e o mercado de maneira geral frequentemente interpretam que o auge de um profissional está em torno dos 35 anos. Antes disso, ele poderá ser considerado um pouco “novo” e, depois disso, ele pode passar a ser considerado como um pouco “velho”. No entanto, em cargos de alta gerência ou de liderança, é normal que esta idade seja maior. Descubra de modo honesto que idade você acha que representa o auge para seu cargo e veja quanto você está distante dela, para mais ou para menos.

Formação: qual a formação ideal para quem exerce seu cargo? Você tem esta formação? Se tem, ela foi adquirida em uma universidade de renome? Infelizmente, muitas vezes é dada preferência para quem estudou nas chamadas universidades “de primeira linha”. Se você não tem formação adequada, ou se a tem, mas não é originada de uma universidade de primeira linha, você perde competitividade.

Experiência: quanto que é necessário e importante que se tenha experiência para quem deseja o cargo que você pleiteia? Se for necessária experiência, você a tem? Tem uma boa dose de experiência no cargo ou função? E tem tal experiência em alguma empresa de renome? Novamente, ter passado por uma empresa bem-conceituada ou de renome ajudará você.

Cursos complementares: você fez algum curso complementar referente ao seu cargo ou profissão que ajudou a complementar seu currículo, que lhe trouxe conhecimentos importantes para o exercício da sua atividade? Se sim, ótimo. Se não, você talvez possa ter perdido competitividade.

Conhecimentos específicos: em geral, um cargo ou função exige conhecimentos específicos. Como são seus conhecimentos específicos? Você é bom no que faz? Traz consigo uma boa bagagem de conhecimento sobre seu cargo ou atividade?

Habilidades: qual a sua habilidade em trabalhar com o que sabe relacionada ao seu cargo? Talvez tenha conhecimentos apenas teóricos, mas pouca prática. Neste caso, perdeu competitividade. Mas se você, além de conhecimento, tiver habilidade prática nele, ganhou competitividade.

Atitude: quanto você gosta do que faz? Além de conhecimento e habilidade, é importante gostar do que faz, e é isso que queremos dizer aqui com atitude. Gostar do que faz é fundamental para crescer dentro da profissão, na área que se escolheu trabalhar. Se você tem atitude e gosta do que faz, ganhou competitividade.

Idiomas: é importante que o profissional que ocupa o cargo que você pleiteia tenha conhecimento de outro idioma? Se sim, como está seu conhecimento neste idioma? Se está bom em relação a isso, ótimo! Ganhou competitividade. Se não, perdeu competitividade.

Custo mínimo: todos estes fatores devem ser considerados sempre de acordo com suas necessidades financeiras atuais. Profissionais que melhor gerenciam seus custos mínimos poderão oferecer maior flexibilidade para as empresas na hora de negociar um salário, portanto terão maior poder de negociação e competitividade.

O que você deve fazer agora é ponderar cada um destes itens e pensar que o mercado, em tese, irá pagar, ao melhor candidato, o maior salário referente a este cargo ou profissão, e que pagará o menor salário ao candidato que se sujeitar a ele, mas que ainda tenha alguma competitividade.

Desta forma, se você perdeu competitividade em alguns dos itens acima relacionados, vá dando descontos e tente buscar o que compreende que seria o salário mais correto para você frente ao que você pode oferecer, a quantidade de oportunidades do mercado, a raridade e ao que você compreende que seus concorrentes estão oferecendo.

Lembre-se que o salário está intimamente ligado a quanto você é capaz de oferecer, mas também a quantos outros poderão oferecer por um custo menor. Se o mercado tiver muitos candidatos com bons perfis e que estariam dispostos a trabalhar por menos, você perderá competitividade e deverá baixar sua pretensão salarial para aumentar suas chances de ser contratado.

A correta negociação do salário é vital não só para que você conquiste o novo emprego, como também para se manter motivado nele, ao mesmo tempo em que prossiga oferecendo à empresa os resultados que ela espera.

Importante lembrar também que, em época de crise, é normal as empresas dispensarem profissionais com altos salários e recontratarem pessoas com competências similares para ocupar o mesmo cargo, mas com salários inferiores.

Talvez relute em rever sua pretensão salarial, o que é totalmente compreensível, no entanto, pense que, se demorar muito para se recolocar, poderá acabar tendo que aceitar salários ainda menores.

Às vezes, é melhor dar dois passos para trás para depois voltar a caminhar para frente. Pense nisso.

Este artigo é parte integrante do novo Manual da Recolocação, produzido pela Curriculum.com.br.
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