Uma banana que passou do ponto, um pão velho, uma manga que está com cara de que já estragou. É comum que a maioria das pessoas pense que o destino para alimentos que não estão frescos é o lixo, mas Massimo Bottura, o melhor chef do mundo, está no Rio de Janeiro para mudar essa ideia.

Ele e David Hertz, fundador da ONG Gastromotiva, levaram à Lapa a ideia do Refettorio Gastromotiva, um restaurante que durante as Olimpíadas e Paraolimpíadas irá servir 108 refeições por noite a pessoas em situação de rua e sem condições de terem ao menos uma refeição nutritiva por dia. E como o cardápio será feito? A partir de ingredientes não manipulados que sobrarem de parceiros e empresas que servirão comidas nos Jogos.

“Não é porque um pão está na geladeira há uma semana que significa que ele não pode mais ser utilizado”, explica Bottura.”O prato que eu mais gostava de comer quando era criança era feito com um pão velho, é só ensinar as pessoas que não se pode jogar alimento fora”.

Para os jantares, os idealizadores contam com uma ajuda de peso: pelo menos 39 chefs já estão confirmados para passarem uma noite no local cozinhando. Entre eles, Virgilio Martinez (Peru), Roberta Sudbrack (Rio de Janeiro), Alain Ducasse (França), Alex Atala (São Paulo), Joan Rocca (Espanha) e Claude Troisgros (Rio de Janeiro).

O salão do Refettorio Gastromotiva e, ao fundo, a cozinha do local

Durante 55 dias, uma equipe de operários trabalhou dia e noite e realizou o que Bottura considera o maior desafio: criar, do nada, um restaurante com um salão amplo, uma cozinha aberta, um mezanino para confraternizações e uma arquibancada, espaço especial reservado para aulas e diálogos sobre gastronomia social.

A escolha da época das Olímpiadas foi proposital. Esse é o momento perfeito para ampliar para o mundo a mensagem que ele e David querem passar para o mundo. “Todo mundo está olhando para o Rio de Janeiro agora, quem sabe alguém lá no Japão ouve falar sobre o Refettorio e decide fazer algo parecido”, explica Bottura.

Segunda fase
Se engana quem acha que o Refettorio será deixado de lado quando os Jogos terminarem. O plano é ainda mais ambicioso: ao final das competições o local se transformará em um restaurante comum durante o dia, mas quem passar por lá para almoçar já vai contribuir com o jantar do mesmo dia, que será gratuito para pessoas carentes.

“O que seria o lucro do restaurante vai virar alimento para quem precisa”, explica David, que ainda está em busca de patrocínio para o segundo momento do projeto.

Fonte: Comidas e Bebidas Uol