De praxe, cozinheiro não tem Dia dos Namorados – ou nenhuma festa ou feriado que possa ser comemorada em um restaurante ou com as receitas de um bufê.

Contudo, vez por outra, as brigadas dos restaurantes conseguem dar uma escapadinha do trabalho para… Levar o cano, sofrer com o serviço de um restaurante, perder a carteira e não conseguir pagar a conta, estragar a própria comida ou até ser inesperadamente pedido em casamento!

Aqui, dez chefs de cozinha revelam eventos de Dia dos Namorados pouco convencionais, mas que entraram para a história.

No Money

“Estávamos na Tailândia e fomos a um restaurante chique para comemorar, com uma vista incrível de Bancoc. Comemos um menu gigante, harmonizado e, na hora da conta, cadê minha carteira? Eu tinha mandado fazer uma calça lá mesmo e o alfaiate fez um bolso sem fundo. A gente não tinha como pagar a conta e eu estava completamente bêbado, não conseguia nem mais falar inglês e tive um ataque de riso. O garçon não estava entendendo nada… eu só dizia: ‘No (sem) carteira, wash (lavar) pratos’. Acabei indo buscar dinheiro no hotel e a dor de cabeça de ir à polícia e reclamar os cartões e documentos ficou para o dia seguinte, na maior ressaca” — Guga Rocha, chef e apresentador de “Homens Gourmet”, no Foxlife

Intolerância alimentar

“Quando conheci minha esposa, ela era minha estagiária e foi perto do Dia dos Namorados. Então pensei: ‘vou pressioná-la e chamá-la para sair’. Não no dia mesmo, porque a gente estaria ralando no restaurante, mas no dia seguinte. Combinei de fazer um jantar de namorados para impressionar. Só esqueci um detalhe: ela é alérgica a carne de porco e eu tinha usado bacon, presunto cru, linguiça. Ela não podia comer nada! Acabei levando ela para comer açaí no lugar em que ficamos pela primeira vez” – Caio Gavioli, chef do SER Cozinha Contemporânea (SP)

Quase Triste

“Eu trabalhava em um bistrô em Brisbane, na Austrália, e só encontraria meu namorado depois do expediente. Ainda era cedo e ele ligou para dizer que teria que ficar trabalhando. Não desconfiei de nada, mas uma amiga o viu comprando chuteiras e veio me contar. Na cozinha, eu era a única mulher no meio de vinte caras, que começaram a queimar o filme do meu namorado e, no final do expediente, me arrastaram para um pub. Foi divertidíssimo, mas o melhor mesmo foi que no dia seguinte encontrei o cara com os dois joelhos lesionados – e já sem namorada brasileira!” Ana Cloris, da Anita Pâtisserie (PB)

Tudo acaba em pizza

Queria uma noite romântica, um jantar bacana e quando chego em casa descubro que o jantar é uma pizza napolitana. Fiquei tão frustrado… Mas quando fui comer, vi as alianças escondidas no meio do molho. Fui pedido em casamento no Dia dos Namorados com alianças melecadas e foi lindo!? – Hugo Godinho, fundador da Cheftime

Chupando o dedo

“Nosso primeiro Dia dos Namorados foi em Lausanne, na Suíça. A Bia morava com os pais e eu na escola onde estudava hotelaria. Para comemorar a data, fomos a um bistrô francês bem kitsch, tomamos vinho, comemos queijos e suflê de chocolate. Mas a graça seria na saída: aluguei um flat para passar a primeira noite com ela, preparei uma playlist, decorei o lugar com pétalas de rosas e velas e pedi para a Bia dizer que ia dormir na casa de uma amiga. A mãe dela, imaginando que ela sairia com o novo namorado, foi atrás dela no restaurante e arruinou a surpresa” – Oscar Bosch e Bia Bosch, do Tanit (SP)

Já era o prato principal

“Eu era estagiária do Igor no D.O.M. e decidi recebê-lo em casa com a minha especialidade: quiche de tomate confitado e queijos. Esperei ele chegar para assar. Fomos tomando vinho e conversando. Quando deu o tempo de forno, fui espiar e a torta estava maravilhosa: ?vou desenformar!?. Na hora em que tirei o aro, ela estava totalmente liquida e se espalhou pela mesa. Acabamos comemorando com uma sopa de quiche e até hoje, seis anos depois, o Igor ainda tira sarro de mim” – Manoela Lebrón e Igor Martins, da Cozinha Marinada (SP)

Ideia genial (só que não)

“Um ano, por sorte, eu não tinha que cuidar do restaurante no Dia dos Namorados. Eu estava super cansado e como falamos no México, o restaurante estava ‘engentado’ – que significa ‘cheio ou de saco cheio de gente’. Saí de lá e a última coisa que eu queria era enfrentar filas e lugares lotados. Decidi ir ao supermercado e escolher alguns ingredientes e fazer um jantarzinho romântico. Só que me deparei com outra três milhões de pessoas que tinham tido a mesma brilhantíssima ideia. Acabei demorando horas e cheguei em casa mais ‘engentado’ do que nunca…” Hugo Delgado, do Obá (SP)

Doce improviso

“No primeiro Dia dos Namorados com meu marido, fizemos reserva em um restaurante asiático – mas, mesmo assim, ficamos horas na fila. A primeira coisa que pedimos foi uma trouxinha em folha de bananeira que estava linda nas outras mesas, mas na nossa vez veio em papel alumínio – as folhas tinham acabado! O pior: era só o início de uma degustação que levou horas entre pratos bem meia boca. Acabamos pedindo a conta antes mesmo da sobremesa e fomos para casa finalizar a noite com maçãs caramelizadas que fizemos de duas maçãs murchas que estavam na fruteira. O que era para ser mico virou uma noite deliciosa” – Leticia Massula, chef do açougue Feed (SP).

Sem escapatória

“Trabalho enquanto todos se divertem, então comemoro o Dia dos Namorados uma semana antes ou uma semana depois. Certo ano, porém, consegui folga e fiz uma reserva em um restaurante. Ela estava linda, toda arrumada para a noite especial e, assim que sentamos, meu telefone tocou: tinha havido uma confusão na casa eu trabalhava e eu teria que ir até lá correndo. Levei ela junto, deixei ela num cantinho e ia levando algumas coisas que eu estava cozinhando. Ouvi reclamação durante a noite toda, mas no fim, cozinhei especialmente para ela” – Thiago Maeda, do Bagatelle (RJ)

Coragem para enfrentar

“Era Dia dos Namorados, mas estávamos solteiros e fomos com uns amigos a um bar de música. Para evitar ficar comigo, minha atual esposa, pediu um hot-dog com vinagrete extra para ficar com bastante bafo de cebola e a gente não se beijar. Mas fui guerreiro, fui até o fim e aquela foi a primeira noite em que a gente ficou? Marcus Vinicius, do Holy Burger (SP)

Fonte: Comidas e Bebidas Uol