Emerson Diogo dos Santos, de 42 anos, trabalhou durante 15 anos numa multinacional. Era um emprego estável e com bom salário. Porém, o estresse, a falta de contato com a família e a vontade de empreender fizeram com que ele resolvesse arriscar.

Em 2014, em plena crise econômica e com sua primeira filha prestes a nascer, Santos pediu demissão para se dedicar ao negócio próprio: a Gonzalo, uma marca de molhos para carnes inspirada em seu tio, que o ensinou a apreciar esses condimentos.

O empreendimento começou com um investimento de R$ 1.600 saídos do próprio bolso. Agora, a expectativa é faturar R$ 500 mil em 2016.

Fundada no Paraná, a marca já está presente em 428 pontos de venda no Brasil. Além do Paraná, é possível encontrar produtos da Gonzalo em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. E já há procura pelos produtos em locais como Amazonas e Maranhão, porém, a empresa ainda não tem condições de vender para esses locais.

Hoje, a marca tem entre seus produtos o chimichurri, um molho de ervas típico da Argentina e muito usado para temperar carnes, a fumaça líquida, usada para dar um “gostinho de grelha” a alimentos feitos fora da churrasqueira, e a Salsa Criolla, molho típico do Uruguai.

“Todas as receitas foram adaptadas por mim para o paladar brasileiro. A receita sai sempre da minha mesa, é o que eu como com a minha família e que depois vai para o consumidor final”, afirma Santos.

O empreendedor destaca que as conservas são todas feitas com 100% azeite de oliva, e não têm adição de sódio ou conservantes químicos.
Talvez por isso, além dos amantes das carnes, os produtos da Gonzalo tem conquistado um publico inusitado: os vegetarianos e veganos. “Eu realmente não sei como caímos no gosto deles, mas temos muito clientes nesse nicho, como restaurantes e empórios”, conta Santos.

Atualmente a marca tem sete produtos, mas tudo começou com o chimichurri. “Quando eu tinha 16 anos, meu tio, que entendia muito de carnes, nos apresentou esse molho, que é típico da Argentina. Aquilo ficou adormecido na minha cabeça até que comecei a fazer e levar para os churrascos com os amigos”, conta.

O molho sempre foi um sucesso. Um belo dia um amigo sugeriu a Santos que produzisse o condimento para vender. Foi o estalo que ele precisava.

Na época, o empreendedor já havia iniciado alguns negócios em paralelo com seu trabalho na multinacional, porém, sem muito sucesso. A última tentativa havia sido uma marca de cervejas artesanais, mas o investimento para expandir a produção era muito alto e estava além de suas possibilidades.

No entanto, o investimento necessário para começar o negócio de molhos cabia no seu bolso: foram 1.600 reais, gastos para registrar a marca. A produção foi terceirizada para um fábrica na região, e paga somente depois que as primeiras unidades já haviam sido vendidas. Portanto, o pagamento foi feito com o próprio dinheiro da venda.

Após um ano de operação, o empreendedor decidiu abrir mão do salário fixo e pediu demissão para se dedicar apenas ao seu negócio. Ampliou a oferta de produtos e passou a fazer tudo internamente.

Se antes Santos se sentia desmotivado com a vida profissional, agora a história é bem diferente, garante. “Minha esposa diz que sou outra pessoa. Hoje chego em casa sorrindo, antes era só estresse. E a qualidade de vida não tem comparação. Sempre tive essa veia empreendedora e me incomodava muito estar numa empresa fechado com tanta coisa para fazer aqui fora.”

Fonte: Exame.com