São as chefs de cozinha, profissão que, ironicamente, no passado, era quase exclusividade masculina, e que hoje ganha muita força entre o sexo feminino. Mas, engana-se quem pensa que basta saber cozinhar para se aventurar em um restaurante. Para seguir essa carreira, além de comandar panelas e temperos com muito estilo e gosto, a pessoa precisa saber lidar com um ingrediente muito especial: gente, sejam os clientes ou as pessoas que trabalham diretamente com você.
“Ou você ama o que faz ou então é muito difícil mesmo”, diz, taxativa, Ciça Roxo, uma das chefs da cadeia de restaurantes Gula Gula, no Rio de Janeiro. “É uma profissão que demanda muito tempo, que promove um desgaste físico muito grande e que, quando as pessoas estão se divertindo ou descansando, é o momento em que seu trabalho está no auge”, enumera.

Entre o prato criado, quase numa manifestação artística do chef, até o prato servido, existe uma distância bem grande

A rotina de um chef não se resume apenas à parte artística, de criação dos pratos. Na verdade, esta talvez seja a menor parte de todas as atividades que um chef tem que realizar. A maior parte do tempo, as tarefas estão ligadas à área administrativa e de gestão de pessoas. E, talvez, seja essa a maior dificuldade que elas enfrentam. “Para você ter sucesso nessa área, você precisa ter capacidade de montar e liderar uma equipe. Cozinhar é fácil, mas treinar e coordenar um número muito grande de pessoas é bem complicado”, constata Andréa Tinoco, que tem cerca de 150 pessoas sob o seu comando nos restaurantes Rancho Inn, Redondo Lounge e Madalenna, todos no Rio de Janeiro, e com o buffet que ela comanda fazendo eventos especiais.

Liderar é preciso

As chefs listam outras qualidades que as pessoas precisam ter para gerenciar um restaurante. “Visão de negócio, conhecimentos de administração, clareza, curiosidade, bom senso, bom gosto e paciência”, diz Ciça Roxo. “Habilidade e determinação”, complementa a chef Carla Pernambuco, proprietária do restaurante Carlota, no Rio e em São Paulo. Organização e liderança estão entre as características mais cotadas. Também, pudera. Dentre as atribuições, é preciso controlar as quantidades de comida utilizadas, controlar fornecedores (que, dizem, no Brasil é muito complicado), fazer todo o controle de qualidade dos produtos servidos e coordenar cozinheiros, assistentes de cozinha, garçons e mâitre.
Cansada? Bem, essas tarefas fazem parte do dia a dia dos chefs. Quando eles precisam criar pratos e cardápios especiais, eles ainda têm que criar e testar receitas e quantidades de ingredientes. Funciona mais ou menos assim: os chefs começam a elaborar os pratos de acordo com a característica do restaurante e o público que ele quer atingir. Para tal tarefa, o chef tem que levar em consideração as capacidades estruturais e técnicas de uma cozinha, bem como o orçamento disponível e se os produtos que serão utilizados conseguirão chegar a tempo e em boa qualidade para serem servidos. Portanto, entre o prato criado, quase numa manifestação artística do chefe, até o prato servido, existe uma distância bem grande.

Fonte: Bolsa de Mulher