Você provavelmente já viu algum deles por aí: os food trucks, negócios de comida sobre rodas, conquistaram as ruas dos centros urbanos brasileiros.

Eles bombaram nos últimos anos – mas será que, hoje, ainda vale a pena abrir um negócio desses do zero? EXAME.com ouviu especialistas em empreendedorismo para tirar a dúvida – e saber como realmente ter um negócio bem sucedido de alimentação sobre rodas.
Situação do mercado

Quando o food truck entrou no mercado brasileiro, há alguns anos, a ideia era oferecer uma aproximação com os pratos de grandes chefs, mas por um preço reduzido.

Segundo Vera Araújo, professora da Anhembi Morumbi e consultora em gestão de negócios gastronômicos, essa época já foi. “A proposta gourmet teve seu momento e foi essencial para atrair o público para esse tipo de modelo. O empreendedor deve entender que o consumidor já entendeu a proposta: seu desafio agora é enfrentar a concorrência.”

Já João Bonomo, coordenador do núcleo acadêmico de vocação empreendedora do Ibmec/MG, defende que o movimento dos food trucks ainda é de oscilação: uma hora desacelera, outra hora retoma o fôlego. “Com o tempo, saberemos se ele estabiliza para o bem ou para o mal. Mas há uma expectativa de que seja para o bem.”

Por fim, Germana Magalhães, coordenadora de projetos de alimentação fora do lar do Sebrae, faz um alerta. “Os primeiros que investiram surfaram em um mar azul, ganhando rentabilidade e notoriedade. O que eu percebi, neste ano, é que os que começaram agora demonstram que os lucros não são mais os mesmos, por conta da concorrência e da crise econômica. O setor está mais complicado do que antes.”

Consolidação do modelo

Mesmo com diferentes avaliações do mercado, os especialistas concordam em um ponto: food truck não é mais moda, e sim um modelo de negócio.

Diferente das paletas e dos sorvetes de iogurte, por exemplo, o setor de food trucks é muito diverso, explica Bonomo. “Ele vai de salgado a doce, de saudável a junk food. Os negócios sobre rodas têm essa capacidade de variar e se reinventar a todo instante, e isso garante sua permanência.”

“Eu acho que ainda é rentável. Mas não dá para entrar de forma espontânea, sem saber como funciona especificamente esse formato de comida de rua”, completa Germana.

Como ter um food truck de sucesso?

O primeiro passo para ter sucesso com esse formato é ter paixão por ele. “Não faça apenas porque é algo legal. Faça porque é um bom modelo de negócio – e lembre-se de que qualquer empreendimento envolve risco”, diz Vera.

Decidiu que esse é realmente seu sonho de negócio? Agora, é hora de fazer um bom planejamento. “Tenha capital de giro; olhe para o mercado, vendo quanto se costuma cobrar por um produto similar ao seu e quanto o cliente está disposto a gastar; busque um design bacana para seu food truck; e faça um bom plano de marketing: onde, como e para quem você vai vender?”, explica a professora da Anhembi Morumbi.

Germana, do Sebrae, enumera mais atitudes. “Tem que estudar, ficar mais atento à legislação específica dos food trucks, pensar na segurança alimentar, verificar sua produtividade e, finalmente, ver bem como e onde seu negócio vai atuar.”

Com todo esse cuidado, a validação do seu negócio já fica mais próxima – e é essa aceitação do mercado que vai garantir seu sustento.

“Com a validação, você é chamado para eventos e shows. A receita obtida nessas ocasiões segura bem as despesas fixas do seu food truck”, diz Bonomo, do Ibmec/MG. “Essas aparições ampliam sua possibilidade de faturamento e podem inseri-lo em lugares que você nem esperava alcançar, como os estacionamentos de lojas e de shopping”, completa Vera.

Outra forma de obter sucesso é circular e mostrar sua marca – mas do jeito certo. “Rodar é muito importante, mas vá para lugares onde haja o segmento de mercado que seu negócio quer atender. Ir a um local apenas pela construção de marca não faz sentido; faça um branding inteligente, já onde há algum tipo de interesse para seu food truck”, aconselha Bonomo.

Por fim, um último conselho: não deixe a qualidade do seu negócio cair. “O mercado irá selecionar os bons em relação a gestão: o que sabe fazer a compra, que sabe precificar, que tem qualidade no produto e que entrega valor”, resume Germana.

Fonte: Exame.com