A sala de aula da Escola do Sorvete, em São Paulo, é formada por gente de todo tipo. Ex-executivos, donas e donos de casa, profissionais das mais diversas áreas, desempregados – todos eles querem abrir um negócio no ramo de sorvetes. Quem comanda a sala de aula é o empreendedor Francisco Santana, formado em geografia e amante da gastronomia. Antes de virar dono de negócio, em 2014, ele largou o emprego no setor público para viajar a Europa e se formar chef confeiteiro. Passou por algumas das mais renomadas escolas da França e da Itália. Ao voltar ao Brasil, decidiu abrir uma empresa para repassar esse conhecimento a quem via nos sorvetes um meio de vida.

Santana, que participou da Feira do Empreendedor de SP, ensina os estudantes, obviamente, a fazer sorvete. Mas não para por aí. A grande estratégia do negócio é ir além e ajudar a clientela a empreender na área. Toda informação é valiosa: Santana analisa onde cada aluno quer montar seu negócio, quanto recurso pode investir, onde pensa em abrir um ponto comercial, quais fornecedores existem na região, quais frutas são típicas de lá e que produtos fazem mais o gosto da população. “Queremos que eles saiam daqui para criar negócios de sucesso”. Além disso, ele indica qual tipo de negócio na área é mais apropriado para a região e o investimento do aluno. “Pode ser uma picoleteria, uma sorveteria, uma gelateria…”.

Entre os principais cases da empresa está o de Ricardo Sato, ex-aluno da instituição e dono de uma sorveteria em Penedo, no Rio de Janeiro. De lá, por final de semana, saem mais de três mil sorvetes. Sato se tornou até professor da Escola do Sorvete e vem a São Paulo toda a semana para ajudar no negócio.

“O que eu percebi é que a maior parte das escolas que ensinam a fazer sorvete não está preocupada com o que o aluno faz com o conhecimento depois que sai de lá”, diz Santana. “Muitas delas empurram máquinas de sorvete caríssimas, que às vezes custam as economias da vida de uma pessoa, simplesmente porque querem vender.”

Enquanto fala, o empreendedor mostra os grupos no Whatsapp de ex-estudantes formados na Escola do Sorvete – cada turma tem um. “Falamos bastante, trocamos receitas, dicas de fornecedores”, explica. As receitas de sorvete ensinadas, aliás, são todas naturais: sem corante, conservante e nada industrializado.

O negócio começou dentro de um coworking em São Paulo, onde o empreendedor lecionava. “Eu tinha uma máquina de sorvete emprestada e mais nada. Hoje, temos quatro máquinas para os alunos e já formamos mais de mil pessoas”, diz. O curso completo de sorvete dura uma semana (oito horas por dia) e sai por R$ 2.500.

De lá, os alunos saem aptos a produzir raspadinhas, picolés, smothies, sorvetes, gelattos de diversos sabores usando apenas ingredientes naturais. “A não ser que eles queiram adicionar alguma bebida alcoólica, por exemplo. Esses dias, um aluno fez um sorvete com Campari. Sorvete de cerveja também é um favorito das aulas”, diz Santana.

Fonte: PEGN